Estudantes quilombolas aprendem sobre letramento racial

Um projeto que nasceu de muitas mãos. Essa é a experiência vivenciada pelos participantes da ação Educação Popular: entrelaçando leitura de mundo e letramento racial através de círculos de cultura em uma escola quilombola na Paraíba, desenvolvido na Escola Municipal Quilombola Antônia do Socorro Silva Machado, localizada em Paratibe, área quilombola urbana de João Pessoa.
Unindo o gosto pela leitura com o aprendizado sobre personalidades negras importantes, o projeto já apresentou aos estudantes as histórias de vida e legado de mulheres como a paraibana Margarida Maria Alves, a escritora Maria Firmina dos Reis e a jogadora de futebol Marta. Esse ano, mais 120 crianças do 5º ano foram atendidas.
Círculos de leitura, contação de história, produção de fanzines são algumas das atividades realizadas com alunos, professores e também com pessoas da comunidade quilombola. “Houve uma culminância com todas essas turmas, onde os próprios alunos tanto oralizaram sobre quem foi Margarida Maria Alves, como fizeram atividades de coco de roda, de ciranda, de cordeis”, explica a coordenadora Ana Paula Romão.
Identificação
Para o estudante de História e bolsista do projeto, Rickelmy Rodrigues, a ação tem sido bem recebida pelos alunos, que demonstram identificação com as histórias trabalhadas. “Em todos os momentos, eles se mostraram muito empolgados. O mais interessante é a identificação deles com as histórias apresentadas, seja com o sonho de ser jogador ou jogadora de futebol como a Marta, ou por muitos serem capoeiristas. É a verdadeira expressão da representatividade”, ressalta.
Essa é também a avaliação da professora da escola Selma Teotônio. Para ela, o projeto tem criado um espaço de acolhimento para que as crianças possam se expressar em relação ao racismo. “Os alunos se sentem pertencentes, protagonistas e valorizados em sua identidade”, reflete.
A construção coletiva do projeto com os professores da escola e a comunidade quilombola, a decisão horizontal sobre as metodologias a serem seguidas são pontos que Rickelmy aponta como importantes para a adesão às propostas da ação. “Esse aspecto trouxe muitos impactos tanto nos estudantes da escola quanto em nós, da universidade, que pudemos aprender muito nesse processo. É uma quebra de modelos hegemônicos construídos de maneira vertical”, avalia.
Texto: Lis Lemos